A palavra balcão veio para nós do italiano balcone e, para o italiano, do alemão balko. A palavra, originalmente, quer dizer plataforma ou cadafalso. Aqui demos sentidos mais amenos à palavra. Associa-se imediatamente a Romeu e Julieta, a Rapunzel ou, mais prosaicamente, aos bares. O balcão de bar é o mais popular confessionário ou divã de psicanalista que existe. É também sofá de sala de visitas, mesa de reunião, esquina da vida, cadeira cativa, posto de observação, pódio, tabuleiro, buffet e, quando as horas já são pequenas, as ruas amanhecem e os passarinhos começam a tossir lá fora, travesseiro.
Muita idéia boa, muitos planos, grandes amizades e belas brigas começaram e terminaram tendo um balcão como testemunha. Se pudéssemos registrar o que se fala nos balcões dos bares talvez produzíssemos um estudo sociológico de primeira sobre nós mesmos.
Mas o mais importante é a vida que passa por ali, pelos nossos balcões: os amores verdadeiros e os amores de ocasião, as pequenas mentiras e as grandes verdades, os silêncios e as algazarras, os sonhos e, as vezes, o duro despertar.
É um lugar de troca, de toma lá dá cá, de permuta, câmbio, transferência mútua e simultânea de afetos, histórias, olhares - e vida.